Segundo a guionista de Camatondo, Inês José, os fãs são incríveis. Escrevem, ligam e até aparecem nos estúdios para acompanhar as gravações. E ela conta que alguns ouvintes até já tiveram uma participação especial em Camatondo.
- Um exemplo é o professor Pedro, de Luanda, como conta Inês: “um dia, o professor foi à Rádio e encontrou a equipa do Camatondo a gravar. Ele nem acreditou! Por coincidência, nós precisávamos de alguém para fazer um papel curto. Foi convidado. E Pedro dizia: não consigo acreditar que hoje vou fazer parte deste programa que gosto tanto! Quando eu contar pra minha esposa que fui convidado pra gravar Camatondo, ela nem vai acreditar! É que gosto tanto do programa que ela vai pensar que eu é que vim pedir pra gravar convosco!"
- Na visita da equipa ao Uíge, o soba de Candombe Grande declarou: "eu já procurei no mapa, projectei, pra ver se encontro Camatondo, mas não encontrei. Mas quando o episódio vai ao ar e escuto aquelas galinhas, eu consigo ver a aldeia. Aquelas galinhas que se ouvem lá são as minhas! Quando em Camatondo o soba fala alguma coisa importante, eu aproveito o mesmo ensinamento pra transmiti-lo também aos populares que estão sob minha responsabilidade, que são 12 mil pessoas de Candombe Grande".
- Este ouvinte de Camatondo perdeu a visão num acidente de mina e foi abandonado pela esposa. Na foto, está com o filho de cinco anos, de um segundo relacionamento. Logo que soube da visita da equipe do Camatondo à província de Benguela, alugou uma motorizada e com seu filho foi à Emissora de Benguela. Mostrou-nos um gravador e uma malinha (na sua mão esquerda) onde tinha guardadas todas as cassetes com os 27 episódios de Camatondo por ele gravados. Ele escuta Camatondo num dos mercados informais de Benguela onde trabalha como vendedor de guloseimas. “Camatondo é como a minha segunda esposa. Faço tudo para não me faltar pilhas e acompanho todos os programas. Não perco nenhum deles. Eu gosto de Camatondo, porque neste programa muitas personagens enfrentam sofrimento como eu, mas não ficam de braços cruzados, fazem de tudo para vencer na vida, através do trabalho. Eu sinto-me como um deles. Por isso é que eu vim, para vos ver e vos dizer que têm me dado muita coragem”.
- Durante a visita da equipa a Huambo, um soldado viajou 60 quilômetros de motorizada, do Bailundo para Huambo, a fim de participar de um concurso na emissora provincial e ganhar uma cassete com alguns episódios de Camatondo. Desesperado, durante a longa viagem, ele tentava ligar para a rádio, para participar do concurso, sem sucesso. Quando faltavam 5 Km para chegar à radio, finalmente conseguiu a ligação, só que o programa já havia terminado! Insistindo, pediu apenas uma oportunidade para falar com a equipe do Camatondo que teve que esperar por ele mais uma hora até que chegasse à rádio. Ele disse à equipe: “No Balindo, todos os militares gostam de ouvir Camatondo, é muito divertido. Quando eu perco um episódio, a minha esposa conta-me o que aconteceu”. Pela sua persistência, o soldado ganhou um quite de cassetes para escutar com os militares no quartel do Bailundo.
- O senhor Ângelo e Dona Glória são ouvintes assíduos de Camatondo desde o primeiro episódio. Em 2010, durante uma visita à Luanda, foram convidados a participar das gravações.